Conceitos Gerais sobre o Pranayama
- Rosane Abude

- 24 de mai. de 2021
- 6 min de leitura
Atualizado: 20 de nov. de 2022
Todos os conceitos aqui apresentados foram retirados dos livros: Pranayama – de Swami Kuvalayananda e A Essência do Hatha Yoga – de Alicia Souto.
Eu apenas estruturei os conceitos de uma forma mais didática para um resumo. Como diz um dos meus brilhantes professores: "A nossa missão como professor de Yoga é ser fiel ao conhecimento da tradição do Hatha Yoga".
Pranayama é o quarto passo na ordem das técnicas do Hatha Yoga, estruturada por Patanjali:
1º e 2º - Yamas e Niyamas - destinam-se a prover uma base moral adequada para o treinamento do Yogi. O fato de serem colacados antes dos demais mostra seu caráter básico
3º - Asanas – são exercícios posturais com o objetivo de preparar o corpo e a mente do praticante para o estado de meditação
4º - Pranayamas – são técnicas respiratórias, também, preparatórias para o estado meditativo.
5º - Pratyahara – são técnicas para inibir os órgãos dos sentidos. É como se os sentidos imitasse a mente. Retirando-se dos objetos.
6º - Dharana – são técnicas de concentração
7º - Dhyana – Estado meditativo
8º - Samadhi – Iluminação ou saúde perfeita
1. O QUE É PRANAYAMA?
Pranayama significa uma pausa no movimento da respiração. Em sânscrito, Prana significa respiração ou fôlego e Ayama significa uma pausa. A essência do pranayama é a pausa respiratória.
2. TIPOS DE PRANAYAMAS
Patanjali aponta 4 tipos de pranayama, distinguindo-os pela natureza da pausa:
Primeiro tipo - Bahya Kumbhaka - Pausa sem ar nos pulmões: quando a pausa se dá após uma exalação completa.
Segundo tipo – Abhyantara Kumbhaka - Pausa com ar nos pulmões: quando a pausa vem em seguida a uma inalação profunda.
Terceiro tipo – Kevala Kumbhaka - Pausa respiratória sem esforço: não existe nenhum esforço especial para reter a respiração. O praticante pode parar a respiração de uma vez, quando assim quiser.
Quarto tipo - Kevala Kumbhaka - Pausa respiratória sem esforço: essa pausa decorre após muitas inalações e exalações, de forma natural.
3. POR QUE PRATICAR PRANAYMA?
Manu, um dos grandes legisladores da antiguidade, observa que pranayama é um remédio específico contra a tendência maliciosa da mente e dos órgãos dos sentidos.
Kulluka explica as tendências maliciosas da mente como “amor e ódio”, e as tendências maliciosas dos órgãos dos sentidos como as atrações que eles sentem por objetos exteriores. Essas tendências naturais da mente e dos órgãos dos sentidos são condenadas, porque o sucesso no Yoga depende da introversão tanto da mente quanto dos órgãos dos sentidos.
O autor do Hatha Pradipika expressa um ponto de vista similar, quando diz que alguns yogues também consideravam que o pranayama seria suficiente para sobrepujar as más tendências da mente e dos órgãos dos sentidos.
Patanjali explica que Pranayama é praticado para libertar a mente de pensamentos egoístas, que obscurecem a luz espiritual ou impedem a apreciação da realidade, tornando a mente apta à concentração, Dharana.
O ocidente encara os exercícios de respiração profunda, majoritariamente, do ponto de vista de seu valor em oxigênio. Ele aprecia esses exercícios, principalmente, porque eles lhe conferem uma maior quantidade de oxigênio para vitalização do seu sistema. Para o Yoga, o valor em oxigênio do pranayama é secundário, valorizando mais sua utilidade na preparação dos nervos.
O Hatha Pratipika nos diz que o pranayama purifica o corpo, substituindo, em alguns casos, os Kriyas, mas seu maior efeito é sobre a mente. O texto estabelece a relação entre a respiração e a atividade da mente. Se a respiração estiver rápida, a mente estará agitada; se a respiração estiver lenta, a mente se acalmará. O processo respiratório está conectado com o o hipotálamo, o centro que controla as emoções. Quando a respiração é irregular, cria respostas inadequadas ao nível do hipotálamo. Ao estar consciente do processo respiratório e controlando-o, todo o sistema é controlado. Concluindo, para controlar a mente, deve-se controlar a respiração. E quando se mantém a retenção por um período prolongado, aquieta-se a mente.
Com a prática do pranayama adequada uma pessoa liberta-se das enfermidades produzidas pelas perturbações de vata ou ar, como: soluços, asma, tosse, diferentes tipos de dor, etc... Conduz, também, à purificação dos nadis (canais de condução físicos ou energéticos do nosso corpo), cujos sintomas são corpo magro, luz no rosto, maior capacidade para reter a respiração por um longo tempo, maior fogo gástrico, audição dos sons que são produzidos internamente e bem-estar.
É claro que devemos considerar que para sentirmos os efeitos desejados de qualquer técnica é necessário muito tempo de prática constante e desapego ao resultado, Abhyasa e Vairagya, respectivamente, um dos pilares do Yoga.
Muitos textos aconselham seguir as práticas por um período não menor que 12 anos, para que se obtenham resultados. É nesse espaço de tempo que pode acontecer uma mudança estrutural no corpo, na mente e nas emoções.
4. ETAPAS DO PRANAYAMA
O Ciclo
Cada ciclo do pranayama é em geral uma ação completa de inalação (Puraka), pausa respiratória (Kumbhaka) e exalação (Recaka).
Existe um tempo de duração para cada uma dessas etapas, que denominamos de ritmo. O enfoque favorito é o que determina as durações da inalação, pausa e exalação na proporção de 1:4:2. Então, o ritmo seria, por exemplo: se a inalação for feita em 3 segundos, a pausa deveria ser em 12 segundos e a exalação em 6 segundos. De acordo com outra tradição, esta proporção deveria ser 1:2:2. Usando o mesmo exemplo anterior, se a inalação for feita em 3 segundos, a pausa deveria ser em 6 segundos e a exalação em 6 segundos. Existe uma terceira tradição que prega a mesma medida para as três partes do pranayamas.
Para os iniciantes é recomendado, veementemente, começar apenas com inalação e exalação, ou seja, sem pausa respiratória, na respectiva proporção de 1:2. Por exemplo, 3 segundos de inalação e 6 segundos de exalação.
A Forma
Toda prática de pranayama deveria ser realizada com o máximo de conforto e comodidade. Deveria haver um fluxo respiratório contínuo, suave e sem sensação de falta de ar.
A mente deve acompanhar de perto o movimento da respiração, com o máximo de concentração.
Recomenda-se deixar o abdômen levemente contraído, pois permite uma inalação de mais oxigênio do que o abdômen solto. Os músculos abdominais controlados, no que concerne à preparação dos nervos, levam vantagem decisiva em relação aos músculos abdominais que estão relaxados. Além de ajudar a manter a coluna ereta com mais facilidade.
Na inalação nem os músculos faciais , nem os do nariz devem estar contraídos.
Rotação de Energia
A palavra Nadi significa Narina. Segundo a filosofia sutil do Yoga, temos 03 principais nadis ao longo da coluna vertebral: Pingala, Ida e Sushumna.
Acredita-se que a inalação pela narina direita gera calor no corpo e que a inalação na narina esquerda esfria. Muito provavelmente, isto levou os yogues a descreverem o nadi direito como Surya Nadi ou Pingala. Surya significa sol, que é o símbolo do calor. Já o nadi esquerdo é chamado de Candra Nadi. Candra significa Lua, o símbolo do frio.

Essas duas nadis cruzam a coluna vertebral em todos os pontos dos 6 chakras. Sushumna é o canal central, por meio do qual se processa a descida e subida do Prana. A força vital dentro de Sushumma é mais forte quando os outros dois canais se encontram em equilíbrio.
Pela purificação dos nadis, pode-se reter a respiração com facilidade, aumenta-se o fogo gástrico e começa-se a escutar o som interno; assim, a saúde é assegurada.
Na opinião de alguns mestres, todas as impurezas dos nadis são removidas somente pelo pranayamas.
Pela prática adequada e contínua de pranayama, prana sobe através de sushumna. Quando o fluxo de prana corre através de sushumna, a mente se aquieta e não há consciência do mundo externo, nem interno, ocorre um estado de não individualização da mente, chamado de manonmani.
Durante a execução do pranayama devemos visualizar o prana subindo da base da coluna (chakra Muladhara) até o centro da cabeça (chakra Ajna) na inspiração e na expiração fazer o caminho contrário, praticando assim uma rotação de energia. Essa rotação de energia, também, ajuda a melhorar a qualidade da nossa concentração, Dharana.
5. VARIEDADES DO PRANAYAMA
Há 8 tipos de pranayamas:
· Suryabhedana
· Ujjayi
· Sitkari
· Shitali
· Bhastrika
· Bhramari
· Murccha
· Plavini
O aspecto mais importante do pranayama é a retenção do ar (kumbhaka). As oito formas enumeradas, acima, são de retenção voluntárias. Existe uma outra forma que é espontânea e é denominada Kevala Kumbhaka. A pausa respiratória natural e espontânea.
6. RECOMENDAÇÃO FINAL
Todos os textos fazem um sério pedido aos praticantes: nunca deixem seu entusiasmo levar a melhor sobre a razão. Pranayama é uma arma que facilmente se presta ao abuso. Ao mexer com pranayama, mexemos com os nervos, o coração e os pulmões. Tensões indevidas ou métodos imperfeitos podem levar a danos permanentes nestas partes. Portanto, todos deveríamos seguir esta prática com os necessários cuidados e precauções.
Quando assim fazemos e quando nossas instruções são atenta e fielmente seguidas, o pranayama é perfeitamente seguro. Se executado corretamente, o pranayama nunca falhará em assegurar vitalidade suprema para o corpo e paz eterna para a mente.
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