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O Grande Mergulho Interno

Atualizado: 30 de ago. de 2022


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Muitas pessoas acham que Yoga é apenas exercícios posturais ou que é uma religião, outros acham que Yoga é um fenômeno esotérico envolto em mistérios ou que Yoga e meditação são práticas diferentes. Todas essas visões estão incorretas.


Para começar, o significado da palavra Yoga é união.


Yoga é uma filosofia prática de autoconhecimento para atingirmos autoaperfeiçoamento. Yoga é uma ciência holística, considera o ser humano como um todo, sem dividi-lo em compartimentos.


Os primeiros textos sobre Yoga datam de 2.000 anos a.C. e neles encontramos a sua base filosófica, que nos ajuda a refletir sobre quem somos, como atuamos no mundo, qual é o nosso propósito, como reagimos aos diferentes desafios e, principalmente, se estamos satisfeitos com o que descobrimos sobre nós mesmos. Ao mesmo tempo, que nos oferece ferramentas para mudar aquilo que não gostamos e para potencializar as nossas qualidades.


Por este motivo, algumas religiões adotam as técnicas de Yoga nas suas práticas diárias, como o hinduísmo, o budismo e algumas religiões do cristianismo.


Os Yoga Sutra de Patanjali, um dos textos tradicionais, estruturou o Yoga em 8 passos:

1. Yamas - votos de autorestrições ou normas de conduta social

2. Nyamas – votos de auto observância ou normas de conduta pessoal

3. Asanas – posturas que levam o praticante a um estado natural de quietude do corpo e da mente

4. Pranayamas – técnicas respiratórias que levam o praticante a uma redução da necessidade de respirar e, por consequencia, a uma mente quieta

5. Pratyahara – abstração ou recolhimento dos sentidos, conduzindo o praticante a se manter no mundo interno

6. Dharana – estado de concentração

7. Dhyana – meditação, ou seja, um estado especial que a mente pode atingir silêncio, paz e quietude

8. Samadhi – iluminação ou estado onde as turbulências do ambiente externo não conseguem perturbar o praticante.


Fica claro que Yoga é muito mais do que posturas e que meditação é um dos passos da técnica do Yoga, onde o professor pode incentivar o aluno a chegar.


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As aulas de Hatha Yoga não têm nível, mas se a gente pudesse atribuí-los, as aulas de nível mais alto seriam aquelas em que o aluno conseguisse mergulhar mais profundamente em si mesmo.


Em outro texto tradicional e um dos mais importantes do Yoga, o Hatha Pradipika, existe um conceito chamado de Nadanusadhana, que significa praticar concentração na experiência interna.


E para que se concentrar nas experiências internas? Porque entramos em um ciclo virtuoso.


Quando ficamos imóveis e confortáveis nas posturas (asanas), somos convidados a prestar atenção nos movimentos respiratórios e de outras partes do corpo, nas sensações, no estado da mente e em toda e qualquer percepção que tenhamos da pele para dentro, das mais densas às mais sutis. E quanto mais percebemos elementos sutis, mais estaremos mergulhados em nós mesmos. E esta estabilidade e atenção alivia as tensões psicológicas, diminui a ativação nervosa, alivia o estresse metabólico e, finalmente, restaura a homeostase do nosso corpo, que é a habilidade de manter o meio interno em equilíbrio quase constante, independentemente das alterações que ocorram no meio externo.


Além dos benefícios psicofísicos, aprendemos mais sobre nós mesmos e, assim, podemos atuar de forma mais eficiente para fazer as mudanças necessárias para o nosso autoaperfeiçoamento.


Segundo o Prof. R.S Bhogal, no seu livro Yoga e Saúde Mental: “O Yoga, em virtude de nos conceder uma consciência internalizada, redefine nossos padrões básicos de resposta, imunizando-nos contra os efeitos prejudiciais das nossas respostas inapropriadas e até prevenindo completamente tais respostas nos seus estágios mais avançados da prática. Algumas pesquisas têm demonstrado uma melhora significativa na atitude, na cognição e na criatividade do indivíduo, como resultado das práticas de Yoga. Desse modo, um praticante de Yoga se torna mais preparado e melhor equipado para resolver seus problemas existenciais de modo mais eficaz. Uma vez que este fim é alcançado, o praticante estabelece um acesso aos seus próprios potenciais criativos, o que leva a uma vida repleta de significado e abundância. Ele, então, começa a compartilhar sua alegria e seu entusiasmo. Assim, a dimensão espiritual vem à tona, ele vê o reflexo da sua própria alegria no mundo que o cerca e começa a experienciar o que Indrasen (1960) chamou de ´alegria não vinculada a um objeto e autoexistente´, que tende a enfraquecer a intensidade impulsiva das emoções, harmonizado-as e dá uma sensação maior de integração e unidade à vida mental como um todo.”


Todo esse processo não é fácil e muito menos rápido. Para muitos de nós, pode durar uma vida inteira ou mais de uma vida. É preciso muita persistência, paciência, compaixão e coragem para encarar os próprios erros, medos e fragilidades. É preciso ter bastante clareza e firmeza dos seus valores e do seu propósito, porque será preciso abdicar de muita coisa, para seguir o caminho alinhado com os próprios valores e propósito e não o caminho “padrão” da maioria.


E essa descoberta só acontece, quando se consegue dar o seu grande mergulho interno, em união consigo mesmo e com o universo à sua volta.



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